Phalacrocorax carbo

Descrição

Durante o período reprodutor, o corvo-marinho tem uma distribuição localizada no território continental, quase exclusivamente limitada ao Alentejo interior. Fora desta área geográfica, foi confirmada nidificação apenas em alguns locais do vale e estuário do rio Tejo. Não nidifica nos arquipélagos dos Açores, da Madeira e das Selvagens. É uma espécie de hábitos gregários que se reproduz em albufeiras de dimensões variáveis, com pouca perturbação humana, e por vezes nos cursos de água associados. Nidifica em colónias que se estabelecem em árvores nas margens das zonas húmidas, comportamento típico da subespécie P. c. sinensis que deverá representar toda a população nidificante em Portugal.

Cerca de 57% dos 511 ninhos conhecidos distribuem-se pela bacia hidrográfica do Guadiana, onde também foi registada a maior colónia, com 170 ninhos. Já as bacias do Tejo e do Sado concentram respetivamente cerca de 27% e 16% da população reprodutora. Para além dos casais em reprodução, é habitual encontrar em volta das colónias um número considerável de indivíduos não reprodutores.

Nos atlas anteriores não foi registada a nidificação desta espécie. O primeiro registo confirmado ocorreu em 2007 na albufeira da barragem do Alqueva (Almeida 2008). Em Espanha, onde se começou a estabelecer no interior do território no início da década de 1990, a sua população aumentou de forma acentuada a partir dos anos 2000 (Molina 2009), em resultado do crescimento populacional nas áreas de reprodução do norte e centro da Europa e tirando partido da disponibilidade de albufeiras. Os mesmos fatores terão levado ao estabelecimento do corvo-marinho em Portugal.

Hugo Sampaio

Referências bibliográficas

Almeida JL (2008) Primeiro caso de nidificação do corvo-marinho Phalacrocorax carbo em Portugal. Anuário Ornitológico 6: 94.

Molina B (2009) Cormorán grande. In: Aves acuáticas reproductoras en España. Población en 2007 y método de censo, pp. 78-86. Palomino D, Molina B (eds) SEO/BirdLife. Madrid.