Anthus campestris

Descrição

A petinha-dos-campos distribui-se de forma fragmentada de norte a sul do território continental, podendo ser encontrada tanto em zonas litorais como interiores. No centro e norte do país está associada a cumeadas serranas, em áreas onde predominam prados, pastagens ou matos baixos. No sul, pode ser encontrada em áreas abertas de baixa altitude, em particular no Baixo Alentejo e ao longo da costa sudoeste, em habitats dominados por vegetação herbácea, tais como pastagens, pousios e culturas agrícolas.

A espécie ocorre em densidades baixas, parecendo ser mais abundante em algumas cumeadas do centro e norte do país e em algumas zonas da costa sudoeste. Amostragens dirigidas a aves estepárias na ZPE de Castro Verde estimaram uma população de cerca de 223 casais em 2011 (Moreira et al. 2012).

A sua área de distribuição e abundância diminuíram de forma expressiva face ao anterior atlas, tendo desaparecido em cerca de metade das quadrículas. A contração da espécie observa-se ao longo de todo o país e em particular no interior algarvio, Alto Alentejo e Trás-os-Montes e Alto Douro, e pode estar relacionada com alterações do uso do solo, nomeadamente, a conversão de culturas anuais de sequeiro para culturas permanentes como olivais ou amendoais, a intensificação do pastoreio, o abandono de áreas agrícolas e a ocorrência de fogos florestais. O noroeste de Portugal mostra uma tendência contrária ao resto do país, observando-se mesmo uma expansão da espécie.

João Paulo Silva, Ana Teresa Marques e João Gameiro

Referências bibliográficas

Moreira F, Leitão PJ, Synes NW, Alcazar R, Catry I, Carrapato C, Delgado A, Estanque B, Ferreira R, Geraldes P, Gomes M, Guilherme J, Lecoq M, Leitão D, Marques AT, Morgado R, Pedroso R, Prego I, Reino L, Rocha P, Tomé R, Zina H, Osborne PE (2012) Population trends in the steppe birds of Castro Verde in the period of 2006-2011: consequences of a drought event and land use changes? Airo 22: 79–89.